lunes, 9 de enero de 2012

Grave lapso teológico de Mons. Ocáriz

Grave lapso teológico de Mons. Ocáriz
Refutação a artigo do Vigário-Geral do Opus Dei no Osservatore Romano


29/12/2011                                                             Arnaldo Xavier da Silveira*
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1. - No Osservatore Romano de 2 de dezembro último, Mons. Fernando Ocáriz Braña, Vigário-Geral do Opus Dei, um dos peritos da Santa Sé nas discussões teológicas com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, publicou um substancioso artigo intitulado “Sobre a adesão ao Concílio Vaticano II”. O trabalho exprime de modo pleno a posição, hoje dominante em certos meios, dos que acolhem o Vaticano II mesmo nas passagens apontadas como contrárias à Tradição, invocando para isso uma tal ou qual infalibilidade do Magistério Ordinário, ou a obrigação de um “assentimento interno” regido pela virtude da obediência.


Do assentimento interno segundo Mons. Ocáriz

2. - O ilustre Prelado escreve: “O Concílio Vaticano II não definiu nenhum dogma, no sentido de que não propôs, mediante ato definitivo, nenhuma doutrina. Entretanto, o fato de que um ato do Magistério da Igreja não se exerça mediante o carisma da infalibilidade não significa que possa considerar-se ‘falível’, no sentido de que transmita uma ‘doutrina provisória’ ou ‘opiniões autorizadas’. Toda expressão de Magistério autêntico deve ser recebida como o que verdadeiramente é: um ensinamento ministrado pelos pastores que, na sucessão apostólica, falam com o ‘carisma da verdade’ (...), ‘revestidos da autoridade de Cristo’ (...), ‘à luz do Espírito Santo’. Este carisma, autoridade e luz, certamente estiveram presentes no Concílio Vaticano II; negar isso a todo o episcopado, cum Petro e sub Petro, reunido para ensinar a Igreja universal, seria negar algo da essência mesma da Igreja (...)”.

3. - Pouco adiante, Mons. Ocáriz acrescenta: “As afirmações do Concílio Vaticano II que recordam verdades de fé requerem, obviamente, a adesão da fé teologal, não porque tenham sido ensinadas por este Concílio, mas porque já haviam sido ensinadas infalivelmente como tais pela Igreja mediante um juízo solene ou mediante o Magistério ordinário e universal. (...) Os demais ensinamentos doutrinários do Concílio requerem dos fieis o grau de adesão denominado ‘religioso assentimento da vontade e da inteligência’. Um assentimento ‘religioso’, portanto não fundado em motivações puramente racionais. Tal adesão não se configura como um ato de fé, mas antes de obediência não simplesmente disciplinar, mas enraizada na confiança na assistência divina ao Magistério e, por isso, ‘na lógica e sob o impulso da obediência da fé’ (...). As palavras de Cristo: ‘quem a vós escuta a mim escuta’ (...) se dirigem também aos sucessores dos apóstolos”.

4. – Perto do final, Mons. Ocáriz declara: “Em todo caso, continua a haver espaços legítimos de liberdade teológica para explicar, de um modo ou outro, a não contradição com a Tradição, de algumas formulações presentes nos textos conciliares, e assim para explicar o próprio significado de algumas expressões ali contidas”. 


Os caminhos de Deus não são os nossos

5. – Jesus Cristo poderia, evidentemente, ter dado a São Pedro e seus sucessores o carisma da infalibilidade absoluta. Essa infalibilidade poderia, em tese, cobrir todo e qualquer pronunciamento doutrinário dos Papas e concílios, além das decisões canônicas, litúrgicas, etc. E poderia mesmo abranger as decisões pastorais, administrativas. O problema não consiste em saber se a assistência do Espírito Santo, com tal alcance absoluto e geral, seria em princípio possível. É claro que o seria. Na verdade, contudo, Nosso Senhor não quis dotar São Pedro, o Colégio dos bispos com o Papa, a Igreja enfim, de uma assistência em tais termos absolutos. Os caminhos de Deus nem sempre são os nossos. A barca de Pedro está sujeita a tempestades. Em resumo: a teologia tradicional afirma que consta da Revelação que a assistência do divino Espírito Santo não foi prometida, e portanto não foi assegurada, de forma assim irrestrita, em todos os casos e circunstâncias.

6. - Essa assistência garantida por Nosso Senhor cobre de modo irrestrito as definições extraordinárias, tanto papais quanto conciliares. Mas as monumentais obras teológicas, especialmente da idade de prata da escolástica, revelam que é possível haver erros e mesmo heresias em pronunciamentos papais e conciliares não garantidos pela infalibilidade.


A doutrina é mais matizada do que pretende Mons. Ocáriz

7. – O artigo sustenta, como absoluto e incondicional, o princípio de que mesmo os ensinamentos não infalíveis do Magistério papal ou conciliar exigem necessariamente o assentimento interno do fiel. Ora, grandes autores da neoescolástica estabelecem importantes ressalvas a essa tese, mostrando que não se pode tomá-la, de modo simplista, como regra que não admite exceções.

8. - Com efeito.  Diekamp declara que a obrigação de aderir aos ensinamentos papais não infalíveis “pode começar a cessar” no caso raríssimo em que um expert, após análise diligentíssima, “chegue à persuasão de que na decisão introduziu-se o erro” (Th. Dog. Man., I, 72).  Pesch admite o referido assentimento “enquanto não se torne positivamente claro que houve erro em decreto da Cúria Romana ou do Papa” (Pr. Dogm., I, 314/315).  Merkelbach ensina que a doutrina proposta de forma não infalível pode, acidentalmente e numa hipótese raríssima, admitir a suspensão do assentimento interno (S. Th. Mor., I, 601).  Hurter afirma que, perante decisões não infalíveis, pode ser lícito “recear o erro, assentir condicionalmente, ou mesmo suspender o assentimento” (Th. Dogm., I. 492). Cartechini sustenta que o assentimento interno às decisões não infalíveis pode ser negado caso o fiel “tenha a evidência de que a coisa ordenada é ilícita, podendo nessa hipótese suspender o assentimento (...) sem temeridade e sem pecado”(Dall’Op. al Dom., 153-154).  Dom Paul Nau explica que o assentimento pode ser suspenso ou negado se houver “uma oposição precisa entre um texto de encíclica e os demais testemunhos da tradição” (Une source doct., 84).


Absolutizando indevidamente a noção de assistência divina
9. - Aqui está o equívoco grave, prenhe de consequências ainda mais graves e mesmo gravíssimas, em que incide o ínclito e venerando Vigário-Geral do Opus Dei. Ele entende que o Magistério, assistido pelo divino Espírito Santo, seria omnímoda e necessariamente imune a qualquer desvio doutrinário. Ora, assim como o Magistério Ordinário de todos os tempos, embora assistido pelo Espírito Santo, nem sempre está coberto pela infalibilidade, assim também o Magistério de hoje conta com a assistência divina, o que no entanto não representa garantia absoluta de isenção de erro. Dessa forma, alguns ensinamentos do Magistério Ordinário podem divergir da Tradição, e até gravemente. É o que logicamente deflui da carta apostólica “Tuas Libenter”, em que Pio IX expõe as diversas condições necessárias para que o Magistério Ordinário goze da infalibilidade, condições essas que manifestamente o Vaticano I não afastou ao compendiar toda essa doutrina na expressão “Magistério Ordinário Universal” (tal questão exigiria um estudo mais amplo, que pretendo elaborar em curto prazo). 

10. - As doutrinas novas do Vaticano II apontadas como divergentes da Tradição – as da liberdade religiosa, da colegialidade, do ecumenismo etc. – podem constituir ensinamento diverso (“si quis aliter docet”- S. Paulo, I Tim, 6, 3), sem que se possa dizer que com isso tenha falhado a assistência do divino Espírito Santo e que tenha sido vulnerada a indefectibilidade da Igreja.


“Todos os dias até a consumação dos séculos”

11. - Portanto, não se pode afirmar, sem mais, a infalibilidade absoluta dos pronunciamentos papais e conciliares. Quer em nome de uma infalibilidade magisterial, quer em nome da obediência devida pelos fieis a Pedro, quer em nome de uma pretendida segurança na aceitação de tudo quanto declare o Magistério autêntico não infalível, quer em nome de qualquer outra doutrina teológica ou para-teológica que possa ser excogitada, a verdade é que na Revelação nada assegura que os pronunciamentos não infalíveis sejam dessa ou daquela forma infalíveis. É aqui, repito, que as teses do eminente Mons. Ocáriz se afastam do bom caminho. 

12. - Examinemos com lupa essa questão. Há, sem dúvida, documentos da Sé Apostólica e da teologia tradicional que afirmam, sem maiores distinções, que todos os ensinamentos doutrinários dos papas e concílios devem ser abraçados pelos fieis, ainda que não infalíveis e, portanto, não ornados pelo carisma da infalibilidade. Aqui se inserem as subtilezas da hermenêutica em geral e da sagrada exegese em particular: assim como não se pode tomar de modo monolítico o “não matarás” do Decálogo, porque este comporta exceções, por exemplo a da legítima defesa, da mesma forma não se pode tomar como absoluto o princípio de que se deve sempre, e em todos os casos, acatar os ensinamentos não revestidos do carisma da infalibilidade. O empréstimo a juros foi proscrito, foi admitido, passou por vicissitudes mil. Os ritos chineses conheceram iguais hesitações. 


O outro lado da medalha: o Papa herege e o Papa cismático

13. - Essa medalha tem duas faces. Se, de um lado, a doutrina tradicional admite a possibilidade de erro em ensinamento não infalível do Magistério Supremo, como insofismavelmente admite, de outro lado, e paralelamente, admite também, sem qualquer conotação sedevacantista, as hipóteses de um Papa herege e de um Papa cismático.

14. - Sobre o Papa herege. – São Roberto Bellarmino, São Francisco de Sales, Suárez, Domingos Soto, Bouix, Coronata e tantos outros dentre os maiores mestres da escolástica admitem em tese que um Papa possa cair em heresia. – Pietro Ballerini, cuja obra foi importante para as definições da infalibilidade no Vaticano I, via na hipótese de um Papa herege “um perigo iminente para a fé e entre todos o mais grave”, diante do qual quaisquer fieis poderiam “resistir-lhe em face, refutá-lo e, se necessário, interpelá-lo e pressioná-lo a arrepender-se”, “para que todos pudessem precaver-se em relação a ele” (De Pot. Eccl., 104/105). 

15. - Sobre o Papa cismático. – É incontestável que a idade de prata da escolástica e a neoescolástica tornaram claro que, em períodos de crise religiosa profunda, é em princípio possível que um Papa, sem perder o cargo de imediato, separe-se entretanto da Igreja, incidindo em cisma. É o que ocorre caso o Sumo Pontífice “subverta todas as cerimônias eclesiásticas”, “desobedeça à lei de Cristo”, “ordene o que é contrário ao direito natural ou divino”, “não observe aquilo que foi, pelos concílios universais ou pela autoridade da Sé Apostólica, ordenado universalmente, sobretudo quanto ao culto divino”, “não observe o rito universal do culto eclesiástico”, “deixe de respeitar, com pertinácia, aquilo que foi estabelecido para a ordem comum da Igreja”, tornando assim possível e eventualmente obrigatório em consciência “resistir-lhe em face”. A tal ponto, que nesses casos o Card. Caietano diz, igualmente sem conotação sedevacantista, que “nem a Igreja estaria nele, nem ele na Igreja” (II - II, q. 39, a. 1, n. VI).

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16. - Submeto respeitosamente as presentes razões ao reverendíssimo Vigário-Geral do Opus Dei e, em toda a medida em que a Igreja o preceitua, à Sé de Pedro, coluna e fundamento da Verdade, objeto de todo o meu amor e devoção desde os tempos em que, congregado mariano, aprendi a venerar a sacrossanta doutrina da Igreja Católica, Apostólica e Romana. Submeto-as também aos teólogos tradicionais de nossos dias. Pelas brilhantes razões que muitos destes vêm proclamando, e por estas minhas, reputo que nada, em teologia dogmática e moral, obriga a assentir às doutrinas novas do Vaticano II que, ainda no dizer de Mons. Ocáriz, “foram e continuam sendo objeto de controvérsias sobre sua continuidade com o Magistério precedente, ou sobre sua compatibilidade com a Tradição”.

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Grave lapso teológico de Mons. Ocárez



Refutación al artículo del Vicario-General del Opus Dei en el L'Osservatore Romano
28.12.2011                                                                                       Arnaldo Xavier da Silveira

1.1. En el L'Osservatore Romano del 2 de diciembre p.p., Mons. Fernando Ocárez Braña, Vicario-General del Opus Dei, que es uno de los peritos de la Santa Sede en las discusiones teológicas con la Fraternidad Sacerdotal San Pío X, publicó un sustancioso artículo titulado "Sobre la adhesión al Concilio Vaticano II". El trabajo expresa de modo pleno la posición, que es hoy dominante en ciertos medios, de los que reciben el Vaticano II incluso en pasajes señaladas como contrarios a la Tradición, invocando para eso esta o aquella infabilidad del Magisterio Ordinario, o la obligación de un "asentimiento interno" regido por la virtud de la obediencia.
El asentimiento interno conforme Mons. Ocárez
2. 2. El ilustre Prelado escribe: "El Concilio Vaticano II no definió ningún dogma, en el sentido que no propuso, mediante acto definitivo, ninguna doctrina. Sin embargo, el hecho que un acto del Magisterio de la Iglesia no se ejerza mediante el carisma de la infabilidad no significa que se pueda considerar 'falible', en el sentido que trasmita una 'doctrina provisional', u opiniones autorizadas'. Toda expresión de Magisterio auténtico debe ser recibida como lo que verdaderamente es: una enseñanza dada por los pastores que, en la sucesión apostólica, hablan con el 'carisma  de la verdad' (...), 'revestidos de la autoridad de Cristo' (...), ' a la luz del Espíritu Santo'. Este carisma, autoridad y luz, con certeza estuvieron presentes en el Concilio Vaticano II; negar eso a todo el episcopado, cum Petro e sub Petro, reunido para enseñar a la Iglesia universal, sería negar algo de la propia esencia de la Iglesia (...)".

3. 3. Más adelante, Mons. Ocárez añade: "Las afirmaciones del Concilio Vaticano II que recuerdan verdades de fe requieren, evidentemente, la adhesión de la de teologal, no porque hayan sido enseñadas por este Concilio, pero porque ya habían sido enseñadas infaliblemente como tales por la Iglesia mediante un juicio solemne o mediante el Magisterio ordinario y universal. (...) Las otras enseñanzas doctrinales del Concilio requieren de los fieles el grado de adhesión denominado 'religioso asentimiento' de la voluntad y de la inteligencia'. Un asentimiento 'religioso', por lo tanto no siendo fundamentado en motivos puramente racionales. Tal adhesión no se configura como un acto de la fe, sino de la obediencia que no es simplemente disciplinar, pero arraigada en la confianza en la asistencia divina al Magisterio y, por eso, 'en la lógica y bajo el impulso de la obediencia de la fe' (...). Las palabras de Cristo: 'quien a vosotros escucha a mi me escucha' (...) se dirigen también a los sucesores de los apóstoles".
 4. 4.- Cerca del final, Mons. Ocárez declara: "En todo caso, continúa a haber espacios legítimos de libertad teológica para explicar, de una manera u otra, la no contradicción con la Tradición, de algunas formulaciones presentes en los textos conciliares, y así para explicar el mismo significado de algunas expresiones  contenidas allí".

Los caminos de Dios no son los nuestros
5.5.  Jesucristo podría, evidentemente, haber dado a San Pedro y a sus sucesores el carisma de la infabilidad absoluta. Esa infabilidad podría, en tesis, cubrir todo y cualquier pronunciamiento doctrinal de los Papas y concilios, además de las decisiones canónicas, litúrgicas, etc. Y podría incluso abrazar las decisiones pastorales, administrativas. El problema no consiste en saber  si la asistencia del Espíritu Santo, con este alcance absoluto y general, sería en principio posible. Claro está que lo sería.--En verdad, sin embargo, Nuestro Señor no quiso dotar a San Pedro, al Colegio de los obispos con el Papa, en fin a la Iglesia, de una asistencia en esos términos absolutos. Ni siempre los caminos de Dios son los nuestros. La barca de Pedro está sometida a la tempestades. Resumiendo: la teología tradicional afirma que consta en la Revelación que la asistencia del divino Espíritu Santo no fue prometida, y por lo tanto no fue asegurada, de forma ilimitada, en todos los caso y circunstancias.

6. 6. Esa asistencia garantizada por Nuestro Señor cubre ilimitadamente las definiciones extraordinarias, tanto las papales como las conciliares. Pero las monumentales obras teológicas, especialmente las de la edad de plata de la escolástica, revelan que es posible haber errores e incluso herejías en pronunciamientos papales y conciliares que no tienen la garantía de la infabilidad.

La doctrina es más matizada de lo que pretende Mons. Ocárez
7. 7.- El artículo sustenta, como absoluto e incondicional, el principio que incluso las enseñanzas no infalibles del Magisterio papal o conciliar exigen necesariamente el asentimiento interno del fiel. Ahora bien, los grandes autores de la neoescolástica establecen importantes excepciones a esa tesis, enseñando que no se puede simplificarla tomándola como regla que no admite excepciones.
8. 8.- En efecto.--Diekamp declara que la obligación de adherir a las enseñanzas papales no infalibles "puede comenzar a terminar" en el caso rarísimo en que un experto, después de un análisis cuidadosísima, "se persuada que en la decisión se introdujo el error" (Th. Dog. Man., I, 72). --Pesch admite el referido asentimiento "en cuanto no se vuelva positivamente claro que hubo error en el decreto de la Curia Romana o del Papa" (Pr. Dogm., I 314/315). --Merkelbach enseña que la doctrina propuesta de manera no infalible puede, accidentalmente y en una hipótesis rarísima, admitir la suspensión del asentimiento interno (S. Th. Mor., I, 601).-- Hurter afirma que delante de decisiones no infalibles, puede ser lícito "temer el error, asentir condicionalmente, o incluso suspender el asentimiento" (Th. Dogm., I. 492). -- Cartechini sustenta que el asentimiento interno a las decisiones no infalibles puede ser negado en el caso que el fiel "tenga la evidencia que la cosa ordenada es ilícita, pudiendo en esa hipótesis suspender el asentimiento (…) sin temeridad y sin pecado" (Dall'Op. al Dom., 153-154). --Dom Paul Nau explica que el asentimiento puede ser suspendido o negado si hubiera "una oposición precisa entre un texto de la encíclica y los demás testimonios de la tradición" (Une source doct., 84).

Dar indebidamente un valor absoluto a la noción de asistencia divina
9. 9.- Aquí está la grave equivocación, repleta de consecuencias aún más graves e incluso gravísimas, en que incide el ínclito y venerable Vicario-General del Opus Dei. El entiende que el Magisterio, asistido por el divino Espíritu Santo, sería completa y necesariamente inmune a cualquier desvío doctrinal. Ahora bien, así como el Magisterio Ordinario de todos los tiempos, aunque asistido por el Espíritu Santo, que ni siempre fue protegido de ser infalible así también el Magisterio de hoy cuenta con la asistencia divina, lo que sin embargo no representa garantía absoluta de exención de error. De esta forma, algunas enseñanzas del Magisterio  Ordinario pueden divergir de la Tradición, e incluso gravemente. Es lo que lógicamente emana de la carta apostólica "Tuas Libenter", en que Pío IX expone las diversas condiciones necesarias para que el Magisterio Ordinario goce de ser infalible, esas condiciones manifiestamente el Vaticano I no apartó al compendiar toda esa doctrina en la expresión "Magisterio Ordinario Universal" (tal asunto exige un estudio más amplio, que pretendo elaborar a corto plazo).
10. 10.- Las nuevas doctrinas del Vaticano II señaladas como divergentes de la Tradición - las de la libertad religiosa, la colegialidad, el ecumenismo etc. - pueden constituir enseñanza diversa ("si quis aliter docet" - S. Paulo, I Tim, 6, 3), sin que se pueda decir que con eso haya fallado la asistencia del divino Espíritu Santo y que haya sido vulnerado que la Iglesia sea indefectible.

"Todos los días hasta la consumación de los siglos"
11. 11.- Por lo tanto, no se puede afirmar sin más, la infabilidad absoluta de los pronunciamientos papales y conciliares. Sea en nombre de la infabilidad magisterial, sea en nombre de la obediencia debida  por los fieles a Pedro, sea en nombre de una pleiteada seguridad al aceptar todo cuanto declare el Magisterio auténtico no infalible, sea en nombre  cualquier otra doctrina teológica que se pueda pensar, la verdad es que en la Revelación no hay nada que asegure que los pronunciamientos no infalibles sean de esta o aquella forma infalibles. Aquí es, repito, en donde las tesis del eminente Mons. Ocárez se apartan del buen camino.
12. 12.- Examinemos con lupa esta cuestión. Sin lugar a dudas hay documentos de la Sede Apostólica y de la teología que afirman, sin mayores distinciones, que todas las enseñanzas doctrinales de los papas y concilios deben ser abrazados por los fieles, aunque no sean infalibles y, por lo tanto, no adornados por el carisma de la infabilidad. Aquí se introducen las sutilezas de la hermenéutica en general y de la sagrada exégesis en particular: Así como no se puede tomar de modo monolítico el "no matarás" del Decálogo, porque este supone excepciones, por ejemplo el de la legítima defensa, de la misma manera no se puede tomar como absoluto el principio que se debe siempre, y en todos los casos, acatar las enseñanzas no revestidas del carisma de la infabilidad. El préstamo con intereses fue prohibido, fue admitido, pasó por mil cambios. Los ritos chinos conocieron iguales vacilaciones.

El otro lado de la medalla: el Papa hereje y el Papa cismático
13. 13.- Esta moneda tiene dos caras. Si de un lado, la doctrina tradicional admite la posibilidad de error en la enseñanza no falible del Magisterio Supremo, como lo admite de una manera que no se puede engañar, de otro lado, y paralelamente, admite también, sin ninguna nota sedevacantista, las hipótesis de un Papa hereje y de un Papa cismático.
14. 14.- Sobre el Papa hereje.- San Roberto Bellarmino, San Francisco de Sales, Suárez, Domingo Soto, Bouix, Coronata y otros tantos entre los mayores maestros de la escolástica admiten en tesis que un Papa pueda caer en herejía. - Pietro Ballerini, cuya obra importante para las definiciones de la infabilidad en el Vaticano I, veía en la hipótesis de un Papa hereje "un peligro inminente para la fe y entre todos el más grave", delante de cual todos los fieles podrían "resistirle en la cara, refutarlo, y si fuese necesario, interperlarlo y presionarlo para que se arrepintiese", "para que todos pudiese prevenirse contra él" (De Pot. Eccl., 104/105).
15. 15.- Sobre el Papa cismático. - Es incontestable que la edad de plata de la escolástica y la neoescolástica aclararon que, en periodos de crisis religiosa profunda, es en principio posible que un Papa, sin perder el cargo inmediatamente, se separe sin embargo de la Iglesia, incidiendo en cisma. Es lo que ocurre en el caso que el Sumo Pontífice "revuelva todas las ceremonias eclesiásticas", "desobedezca a ley de Cristo", "ordene lo que es contrario al derecho natural o divino", "no observe el rito universal del culto eclesiástico", "deje de respetar, pertinazmente, aquello que fue establecido para el orden común de la Iglesia", haciendo así posible y circunstancialmente obligatorio en conciencia "resistirle en la cara". Hasta tal punto, que en eses casos el Card. Cayetano dice, igualmente sin nota sedevacantista, que "ni la Iglesia estaría en él, ni él en la Iglesia" (II - II, q. 39, a. 1, n.VI).

16. 16.- Someto respetuosamente las presentes razones al reverendísimo Vicario-Geral del Opus Dei y, en todo lo que la Iglesia lo manda, a la Sede de Pedro, columna y fundamento de la Verdad, objeto de todo mi amor y devoción desde la época en que, como congregante mariano, aprendí  a venerar a la sacrosanta doctrina de la Iglesia Católica, Apostólica y Romana. Las someto también a los teólogos tradicionales de nuestros días. Por las brillantes razones que muchos de ellos están proclamando, y yo también, reputo que en nada, en teología dogmática y moral, obliga a asentir las nuevas doctrinas del Vaticano II que, como dice Mons. Ocárez, "fueron y continúan siendo objeto de controversias sobre su continuidad con el Magisterio precedente, o sobre su compatibilidad con la Tradición".

Traducción del Blog. 

*Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira nasceu em 1929 em São Paulo, onde fez seus estudos secundários com os padres jesuítas.
 
Diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Estudou filosofia no Seminário Central da Imaculada Conceição, em S. Leopoldo/RS.

Lecionou Instituições Políticas, Moral e Sociologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de S. Bento, e na Faculdade de Ciências Econômicas Coração de Jesus, ambas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Colaborou em “Catolicismo”, editado sob a égide de D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos/RJ, onde publicou vários artigos sobre o Magistério da Igreja e a infalibilidade papal e conciliar. 

Com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, foi um dos cofundadores, e diretor até 1976, da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Em Roma com D. Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina/MG, D. Antonio de Castro Mayer e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na primeira fase do Vaticano II, assessorou o Piccolo Comitato, núcleo inicial do Coetus Internationalis Patrum, que, congregando bispos tradicionalistas, teve marcante atuação no Concílio.

Nos anos seguintes, dedicou-se a diversos estudos teológicos acompanhados por D. Antonio de Castro Mayer, e, em 1970, publicou Considerações sobre o “Ordo Missae” de Paulo VI, em que reuniu dois trabalhos: um sobre o novo rito da Missa, e outro sobre a hipótese de um Papa herege, baseado especialmente na doutrina de S. Roberto Bellarmino.

Em 1975, publicou esse livro na França com o título La Nouvelle Messe de Paul VI, Qu’en Penser?

Desde 1976 advoga em São Paulo.


Em vista  das polêmicas recentes sobre a interpretação do Vaticano II, e do vulto da atual crise na Igreja, decidiu criar este site para apresentar seus estudos anteriores e outros que vem produzindo.

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